terça-feira, 12 de novembro de 2013

A dor que não passa



Dar uma volta no shopping, empurrar um carrinho de supermercado, passear no parque e outras atividades triviais podem virar uma tortura para quem tem fibromialgia: 2,5% da população, na proporção de um homem para cada oito mulheres, a maioria na faixa entre 25 e 55 anos de idade. Ela se manifesta como uma dor persistente em várias partes do corpo. Os atingidos não conseguem precisar o local, dizem que ‘dói tudo’. Nos casos mais severos, até os fios de cabelo doem. Nem abraço é tolerado. Fora isso, a pessoa sente um cansaço inexplicável e um conjunto de sintomas – daí ser considerada uma síndrome – que inclui alterações no sono, rigidez matinal, dores de cabeça e depressão.  

O que dificulta o diagnóstico é que os exames de sangue e de imagem (raios X, ressonância magnética) dão resultado normal ou trazem achados que não esclarecem as queixas. Só métodos de última geração empregados em centros de pesquisa, como o pet scan (tomografia por emissão de pósitrons), que exibe o cérebro em funcionamento, são capazes de identificar alterações nos mecanismos cerebrais envolvidos na percepção da dor.

Pondo ordem na casa 

O tratamento consiste num pacote, que abrange orientação do paciente, medicamentos e exercícios, para reduzir a sensibilidade dolorosa e combater as outras queixas. A psicoterapia pode ser útil quando o stress emocional tem peso considerável (indica-se a terapia cognitiva comportamental), bem como a meditação e a acupuntura. Há dois remédios específicos para aliviar a dor da fibromialgia. O antidepressivo duloxetina é prescrito para quem também tem depressão, enquanto o neuromodulador pregabalina é indicado para quem manifesta formigamento e distúrbios do sono. Para abrandar os demais sintomas, podem ser associados outros antidepressivos (amitriptilina, nortriptilina, fluoxetina), relaxantes musculares (ciclobenzaprina), indutores de sono (zolpidem) e analgésicos comuns (paracetamol) ou opiláceos leves (tramadol). Todos esses fármacos requerem supervisão médica. 

Conheça os sintomas:

Cansaço inexplicável 
Comum em quase 90% dos pacientes, já é observado ao levantar e piora com qualquer esforço físico. 

Sono não reparador 
Cerca de 70% dos pacientes apresentam sono leve, acordam várias vezes durante a noite e têm dificuldade para adormecer. 

Rigidez muscular matinal 
É uma das sensações mais descritas (60%), seguida de formigamento em braços e pernas e sensação de inchaço (50%). 

Dores de cabeça recorrentes
Metade relata enxaqueca ou cefaléia tensional. 

Dor persistente, de moderada a grave 
Começa numa área (pescoço, ombros, região lombar), sem causa aparente, depois se generaliza. Percebida como pontada, agulhada ou queimação, já incomoda pela manhã e piora no período pré-menstrual, no frio e em fases de stress. 

Intestino irritável 
Pelo menos 34% apresentam dor e distensão abdominal e episódios alternados de diarréia e prisão de ventre. 

Cistite de repetição 
Mais de 10% têm bexiga irritável, que se caracteriza por aumento na frequência de idas ao banheiro e dor ao urinar. 

Problemas Cognitivos 
Perda da memória e dificuldade de concentração aparecem em 20% dos pacientes. Distúrbios do humor. Além de irritabilidade e ansiedade, 25% dos portadores apresentam depressão no momento do diagnóstico.


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